quinta-feira, 12 de abril de 2018

Pensei que hoje fosse chover. Temi tomar um banho no caminho, mas me sabotei por achar que deveria ir até o fim, então nada de guarda-chuva. Foi um caminho longo e incompleto, mas não me molhei. Não faria diferença se o tivesse feito. Não me reconheço muito agora, e percebo quase instantaneamente que há muito que o vejo como uma extensão de mim e que esta foi uma das coisas mais perigosas que já fiz. Como pude não perceber que nos via como um só? Como pude não perceber o quanto me sabotava enquanto o fazia? Se nunca somos e apenas estamos, estaria eu preparada para o próximo estado de outrem? Estarei pronta para o que virá? Quantas identidades associei ingenuamente a mim? É preciso não levar as coisas tão a sério. É preciso saber que 1 + 1 não é igual a 1. É preciso saber que tudo acaba, que sou unidade única. É preciso entender que se entregar é muito perigoso, que as pessoas nunca sentem por nós o que nós sentimos por elas. É preciso viver cada luto de uma vez e até o fim. É preciso chorar cada lágrima até o final. E aceitar que só eu me pertenço.