quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Não gosto de ser forçada a desafios. Não gosto de ter muita boa vontade e nenhum recurso. Não gosto de sentir uma parte de mim se omitindo apenas para manter as aparências. Eu gosto é da transparência assim como esta sempre me serviu. E também curto uma pequena revolução descompromissada. Por que você não vê que estou aguentando apesar de não aguentar mais? Não estou no meu limite e você deveria agradecer. Não pretendo lhe deixar nem lhe esquecer. Eu lhe amo mesmo quando não quero e quase sempre estou esperando suas desculpas. Por que eu devo estar ferida como você está? Posso chorar quantas vezes você quiser e ainda estaremos em níveis diferentes. Às vezes penso que sem eu lhe ignorar de vez em quando nossa relação seria um tanto complicada. E eu não suporto mais as limitações que me são impostas. Uso pouco do que tenho, mas quero que este pouco esteja disponível e ao meu alcance. Não sangrarei apenas para acompanhá-la. Sinto muito por não sentir muito.

domingo, 12 de setembro de 2010

Há uma imensidão neste instante em que me permito lhe observar; toda uma vida passa por mim sem que eu tenha decidido se de fato o desejo. É óbvio que você não tem o direito de saber o que eu construo por você; essa atmosfera é minha e eu me recuso a dividi-la. Ou talvez eu fosse capaz. Não sei. Conhecer minha influência sobre meu próprio sofrimento nunca me salvou completamente.
É verdade que amar também nunca me curou de nada além do próprio amor, mas se eu não mergulhar na fluidez da sua presença por simples capricho terei de suportar a estabilidade desses meus redundantes conflitos. Você não seria capaz de imaginar o quanto tive que lhe re-inventar por dias; para cada momento eu tinha que buscar algo que se apropriasse a você também, pois era eu quem te mantinha parte certa de mim. 
E eu fui incapaz de notar que lhe tornei tão estável quanto eu; tudo havia sido associado como um só. E não fora eu quem sempre se dissera individualista? Tive medo de continuar um raciocínio que se completara antes que eu chegasse ao meio: Eu era egocêntrica demais para amá-lo sem que você fosse uma ramificação de mim mesma; uma nova versão. Tudo sempre parece uma grande invenção minha.
E talvez eu tenha mesmo inventado tudo; conheço minha capacidade de criar e de ser auto-indulgente. Era perfeito demais; até os defeitos eram devidos. Mas eu tive testemunhas oculares! E eram testemunhas capazes de se portarem de forma imparcial! Elas eram sim! Na verdade, elas sempre são e jamais me impedem de desmoronar num mundo de mediocridade interior. Sempre me sinto descartável a mim mesma depois de chegar próxima da óbvia realidade. Claro que sei que existe um pouco de prazer nisso tudo; eu adoro estar certa sobre meu pessimismo.
Sou capaz de me orgulhar de meu fracasso e agora também sou de admiti-lo. Talvez seja notável minha sinceridade comigo mesma. Talvez também seja notável que minha solidão, puramente estabilizada, traduz-se num relacionamento que tenho comigo mesma. Acho que daí vem a dualidade de tudo, as oposições que geram conflitos que me distraem e geram toda uma trama que não me permite emergir.
Eu não me orgulho de me orgulhar disso. Na verdade, tento não pensar em mim com frequência e esta tentativa só causa o efeito contrário. Tanto que ia ser sobre você esse texto; sobre o quanto sua ausência me deixara vulnerável a tudo, sobre a beleza que você trazia a tudo. Acabei por... Ser eu mesma.
Acabo por concluir que tendo sido invenção ou não, lhe amar fora o sentimento que mais me consumiu e por isso as consequências extremas. O que fazer se era justo que sua ausência me machucasse como sua presença me... ? Não, ainda não fui capaz de encontrar o verbo para expressar o que eu sentia. 
Acabo por ficar comigo mesma. Mais uma vez.
E sabe o que eu decidi? Que não preciso de definições alheias: Eu lhe amei! Entenda como quiser, querido.

domingo, 5 de setembro de 2010

Acho que neste momento estou apta a admitir o quão egocêntrica sou. Talvez seja a melancolia típica de domingos, ou a inevitabilidade que minha sinceridade atingiu. De uma forma pouco sensata, desejo agradar somente a mim mesma, apesar de julgar isto pouco provável. O que fazer quando tantos períodos compostos tornam-se meras interjeições? Sinto a arrogância de minhas palavras no momento em que as expresso com mais arrogância. É verdade que sempre me senti atraída por extremos, mas pensei tê-los restringido a algumas categorias. Também é verdade que tenho que lidar com o fato de não ter nada com que lidar. Acho que não me faço bem.