quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

É possível que eu queira parar de tentar fazer com que as coisas sejam como elas não são. Me descubro fazendo o oposto do que aconselho, e crio expectativas uma vez mais. Ora, às vezes as pessoas são inevitavelmente quem são e não há nada que eu possa fazer. É preciso desistir do que se tem e, caso seja inevitável, mudar o que há por dentro. É necessário aceitar. Não há célula em comum que faça com que duas pessoas compartilhem o mesmo conceito de afeto. É imprescindível escolher os seus.  

sábado, 2 de novembro de 2019

Eu quero fazer e dizer algo. Eu quero fazer algo. Eu quero. Eu.
É estranho perceber que, quase não intencionalmente, eu tenha evitado usar o tal pronome. Escrevê-lo parecia feio. Parecia óbvio. Parecia desnecessário. Depois era o tempo perfeito para usá-lo e seria fácil lidar com isso. Agora inevitável, ele se faz urgente, necessário, único. Quer ser sujeito de muitos períodos e não apenas objeto. Quer voz ativa e intransitividade. Quer. Eu quero. 

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Não me parece mais tão estranho fazer este caminho. Ao contrário, parece intuitivo, óbvio. Agora o passo seguinte é inevitável e o silêncio me soa incrível. Pode ser que avance mais rápido do que se espera, mas minha espera se acabou e eu só quero me permitir. Não quero precisar, quero aproveitar. Eu quero o silêncio, a tristeza, a inquietude, a descoberta, a calma, a plenitude. Há muito por vir, mas que venha de um único lugar. 

terça-feira, 18 de junho de 2019

Eu não esperava achar que estava cumprindo um ritual. Eu não esperava gostar disso tão cedo. Eu não fazia ideia de que tanto mudaria em tão pouco tempo, embora não tenha sido pouco tempo. De certa forma há uma sensação de ter feito por merecer, ainda que as opções não tenham sido muito vantajosas. Este é um pensamento curto, uma celebração real de uma sensação que dura pouco demais para ser levada a sério, mas que é única demais para não ser registrada. Agora eu só preciso acenar segurando meu buquê mesmo que as circunstâncias não tenham dependido de mim. 

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Há semanas comecei a pensar no tal décimo terceiro dia e, por isso, aquele velho medo surgiu. Não há explicação para essa sensação, mas o medo da solidão é concreto demais. Acontece que me cansei. Me irritei. Me incomodou esse sentimento de melancolia a cada ciclo que se completa. Me esvaziei e fiquei só com a vontade de celebrar. É um pouco incomum não sentir nada específico. Parece ser um território em que nunca pisei, mas estou disposta a explorá-lo. Disposta a repetir conclusões que são há muito conhecidas, mas que, por não serem sentidas, precisam ser reiteradas até que se tornem emocionalmente incontestáveis. Creio não precisar entregar minha estabilidade a uma terceira pessoa. Preciso socializar o pensamento e me encontrar. Não sou ninguém além de mim mesma e quero comemorar. Não preciso ficar triste. Há quem não queira estar ou sequer responder, mas eu estou aqui. E tudo bem. Sou minha única companheira garantida e já passou da hora de reconhecer isso. Não quero depender de outre. É tempo de me tornar quem eu quero ser, leve o tempo que levar, com quem quer que seja, onde quer que seja. Eu estou aqui e não quero mais me ignorar. 

domingo, 10 de março de 2019

Pareço, enfim, ver um pouco de sol. Apesar do clima ameno, me sinto capaz de imaginar o litoral. Finalmente há um pouco de disposição. Há também uma sensação desconhecida, talvez por isso sem um nome. Parece ser transição que traz os tais questionamentos antagônicos de quase sempre. Percorri um longo caminho comigo mesma sem desespero algum por companhia, mas ainda assim veio aquele puro entusiasmo pelo que poderia ser com aquelas vozes. Acho que ainda não aprendi o que é só vontade de estar com alguém. Daí a culpa. Isso não está muito subjetivo hoje, eu sei. E pouco me agrada essa fuga de padronizações, mas estou buscando essa tal aceitação e não pareço poder contar com alguém além desta que escreve. No entanto, ouso perguntar: isso é mesmo culpável? E então no momento de calma consigo, é aceitável não sentir falta? O quanto temos que querer? Me sinto feliz por sair comigo, porém preocupada por não saber se desisti ou se estou bem. Seguirei estudando.