segunda-feira, 15 de abril de 2024

Há muito tenho restringido minhas linhas para algo mais concreto e privado. Tem sido bom, mas ultimamente não parece ser o suficiente. Hoje sou vítima conformada da aceleração. Caminho devagar como tentativa de chegar onde quero apesar de estar ofegante por fora e sozinha por dentro. Sempre peco nas suposições de que a verdade é o mais óbvio; pois é, sou ingênua assim.

Admito que me indisponho com certa facilidade nessas horas. Só queria ser o que sou, sentir o que sinto e comunicar isso sem cálculos. Parece que não sei estar com ninguém. E ninguém parece querer mesmo estar comigo. Paciência. Acho que estou um pouco triste, mas aceito o que vem.

Quantos finais cabem num começo? Não tenho vontade nem energia para calcular interações. Não quero ganhar nada, mas o perdi. 

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Eu tô bem cansada e isso influencia em muita coisa. Já não me interesso em ser as mesmas coisas. Até começo a fazer o mesmo percurso instintivamente por hábito, mas não quero. Então paro, mas você continua vindo. Talvez eu precise aceitar que você nunca vai mudar seu movimento. Como adquirir sua amnésia seletiva? Você não aprende, você não faz. Por mais que eu tente te mostrar os benefícios de ter ao menos um pouco de responsabilidade, você é sempre objeto da oração. Eu tô muito cansada de ser seu sujeito, de lhe salvar. Eu só queria existir. 

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Tenho então a permissão de me avaliar. Há quem acredite que serei capaz de fazê-lo usando os mesmos critérios que uso com os outros. Não é fácil, porém não menos difícil do que viver com culpa. Tornar-se prioridade parece ser um caminho sem volta. Com muitas das mesmas pedras, mas posso reconhecer quais já vi e o que me causam. Posso escolher.
Não preciso lidar com o imutável, tampouco me responsabilizar por isso. Preciso de muitas outras coisas que sequer são cogitadas por outros e é isso que sou. Vejo, sinto, percebo. É algo meu e muitas vezes não será possível compartilhá-lo. Tenho a limitação do outro, porém conto com essa mesma percepção para decidir quem é o outro. Posso escolher. 

domingo, 7 de junho de 2020

Sempre parece que nado contra a corrente. Pareço ser a única a sentir falta, então questiono minha percepção. Reconhecer que posso estar um pouco mais abaixo é um avanço, mas não diminui a dor. Continuo questionando o valor da minha presença pois aparentemente sempre há algo mais importante a se fazer. Sim, sei que não é unilateral, que há algo a mais. Mas então pergunto: só eu realmente sinto falta? Como parar de querer?

quinta-feira, 26 de março de 2020

Há tanto se passando agora e parece quase impossível separar uma coisa da outra. Eu quero me sentir leve, perder um pouco a coordenação dos meus movimentos. Irônico, não? Diria que incoerente. Me esforço tanto para estar em todos os papeis executando todas as atividades. Não consigo confiar e me canso. Quero rir sem saber o motivo. As listas parecem inúteis e assusta pensar no quanto tenho acreditado nelas. Será que consigo simplesmente fechar os olhos e apreciar o nada? O que aconteceria além do que já aconteceria? Devo mesmo fazer alguma diferença? Creio ter direito à ausência. Devo isso a mim mesma. Quero esquecer que horas são. Será que consigo ser adimplente nisso também? 

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

É possível que eu queira parar de tentar fazer com que as coisas sejam como elas não são. Me descubro fazendo o oposto do que aconselho, e crio expectativas uma vez mais. Ora, às vezes as pessoas são inevitavelmente quem são e não há nada que eu possa fazer. É preciso desistir do que se tem e, caso seja inevitável, mudar o que há por dentro. É necessário aceitar. Não há célula em comum que faça com que duas pessoas compartilhem o mesmo conceito de afeto. É imprescindível escolher os seus.  

sábado, 2 de novembro de 2019

Eu quero fazer e dizer algo. Eu quero fazer algo. Eu quero. Eu.
É estranho perceber que, quase não intencionalmente, eu tenha evitado usar o tal pronome. Escrevê-lo parecia feio. Parecia óbvio. Parecia desnecessário. Depois era o tempo perfeito para usá-lo e seria fácil lidar com isso. Agora inevitável, ele se faz urgente, necessário, único. Quer ser sujeito de muitos períodos e não apenas objeto. Quer voz ativa e intransitividade. Quer. Eu quero. 

quarta-feira, 10 de julho de 2019

Não me parece mais tão estranho fazer este caminho. Ao contrário, parece intuitivo, óbvio. Agora o passo seguinte é inevitável e o silêncio me soa incrível. Pode ser que avance mais rápido do que se espera, mas minha espera se acabou e eu só quero me permitir. Não quero precisar, quero aproveitar. Eu quero o silêncio, a tristeza, a inquietude, a descoberta, a calma, a plenitude. Há muito por vir, mas que venha de um único lugar. 

terça-feira, 18 de junho de 2019

Eu não esperava achar que estava cumprindo um ritual. Eu não esperava gostar disso tão cedo. Eu não fazia ideia de que tanto mudaria em tão pouco tempo, embora não tenha sido pouco tempo. De certa forma há uma sensação de ter feito por merecer, ainda que as opções não tenham sido muito vantajosas. Este é um pensamento curto, uma celebração real de uma sensação que dura pouco demais para ser levada a sério, mas que é única demais para não ser registrada. Agora eu só preciso acenar segurando meu buquê mesmo que as circunstâncias não tenham dependido de mim. 

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Há semanas comecei a pensar no tal décimo terceiro dia e, por isso, aquele velho medo surgiu. Não há explicação para essa sensação, mas o medo da solidão é concreto demais. Acontece que me cansei. Me irritei. Me incomodou esse sentimento de melancolia a cada ciclo que se completa. Me esvaziei e fiquei só com a vontade de celebrar. É um pouco incomum não sentir nada específico. Parece ser um território em que nunca pisei, mas estou disposta a explorá-lo. Disposta a repetir conclusões que são há muito conhecidas, mas que, por não serem sentidas, precisam ser reiteradas até que se tornem emocionalmente incontestáveis. Creio não precisar entregar minha estabilidade a uma terceira pessoa. Preciso socializar o pensamento e me encontrar. Não sou ninguém além de mim mesma e quero comemorar. Não preciso ficar triste. Há quem não queira estar ou sequer responder, mas eu estou aqui. E tudo bem. Sou minha única companheira garantida e já passou da hora de reconhecer isso. Não quero depender de outre. É tempo de me tornar quem eu quero ser, leve o tempo que levar, com quem quer que seja, onde quer que seja. Eu estou aqui e não quero mais me ignorar. 

domingo, 10 de março de 2019

Pareço, enfim, ver um pouco de sol. Apesar do clima ameno, me sinto capaz de imaginar o litoral. Finalmente há um pouco de disposição. Há também uma sensação desconhecida, talvez por isso sem um nome. Parece ser transição que traz os tais questionamentos antagônicos de quase sempre. Percorri um longo caminho comigo mesma sem desespero algum por companhia, mas ainda assim veio aquele puro entusiasmo pelo que poderia ser com aquelas vozes. Acho que ainda não aprendi o que é só vontade de estar com alguém. Daí a culpa. Isso não está muito subjetivo hoje, eu sei. E pouco me agrada essa fuga de padronizações, mas estou buscando essa tal aceitação e não pareço poder contar com alguém além desta que escreve. No entanto, ouso perguntar: isso é mesmo culpável? E então no momento de calma consigo, é aceitável não sentir falta? O quanto temos que querer? Me sinto feliz por sair comigo, porém preocupada por não saber se desisti ou se estou bem. Seguirei estudando.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

São 09:40 e isso é incomum. O dia também é fora do padrão. As atividades tampouco me parecem confortáveis, mas acho que algo deveria ter sido e não foi. Pode ser que hoje eu esteja confundindo este espaço com um diário ou apenas tenha ficado feliz. Semanas se passaram e eu perdi aquela sensação, porém essa possessividade provavelmente relacionada aos astros não me permite deixá-la. Preciso que dure. Algo me foi resgatado e dias jamais vividos são recordados enquanto eu faço um pouco as pazes comigo. Como pôde me fazer sentir saudades de mim mesma? Não estou habituada a gostar da minha própria companhia e aceitar o que sou. Há algo de clandestino nisso e não sei se deveria saber o motivo. Alguns anos foram reconquistados, algumas imagens relembradas, alguns pensamentos reavaliados. Seria possível reviver o que jamais ocorreu? Sigo aprendendo. 
O décimo terceiro dia de maio se foi e levou a contemplação que o antecedera juntamente com seus receios. Ou teria um período de letargia se iniciado como mecanismo de defesa? Talvez eu tenha observado a mim mesma evitando buscar alguma voz. Não quero ser a única a buscar.

Como saber com o que se importar? Seriam todos estes vínculos imaginários? Há fatos concretos de que alguém se importa, mas se não é normal controlar tudo e quase nenhuma resposta vem, como esquecer a ausência tão transparente e ao mesmo tempo tão cínica? Há datas e fotos. Há boa vontade. Há espontaneidade. Por que não há correspondência? Nunca quis ser a esposa de alguém cujas ações e localização são previsíveis. Haverá um meio-termo?